
Parece até um tanto besta pensar na simplicidade que surgiu, mas de toda maneira carregada de muito valor. Agora vejo a beleza do florescer da flor. Sempre rabiscava meus cadernos, sempre rabiscava tudo na realidade, e na maioria das vezes fora de sentido algum. Entediado, estressado, só rabiscava. Esse rabisco me trazia alívio, talvez hoje eu diria conforto. Abrigo, fé. Uma forma de cura, uma estratégia de preenchimento e libertação, um movimento isento de intenção, talvez não tão isento, talvez uma forma de comunicação, de conexão.

Rabiscava aleatório, mas no final das contas iam sempre se encaminhando para os mesmos padrões, uma maneira livre de me fazer expressar, mas que expressava também um jeito, um pequeno algo autêntico, mas profundo, no simples ato de rabiscar.

Mas um ato que me acompanhava, por uma boa parte da vida, principalmente nos momentos difíceis, ou vazios. E que, no final das contas, fazia-se companheira da solidão. Acompanhada, torna-se solitude, e ao invés de isolamento, transforma-se em expansão.

E ali, com o tempo fora surgindo algo que me chamou a atenção, era uma linda flor desabrochando, nascendo diante dos meus olhos, para a surpresa dos meus dedos, que criavam essa linda canção. Uma flor iluminada que me salvava, por um tantinho que fosse, das minhas aflições. Trazia energia, e algo em mim refletia, ressoava, reverberava e, as vezes acontecia, de inclusive mudar o meu estado de emoção.

Hoje em dia, quem diria, tomou grande parte da minha vida, te considero, tenho apreço e respeito, por todo o significado que compreendi nessa situação. Sinto uma voz interior falando, que o próximo passo é ir compartilhando, desenhando a Flor que Cura, preenchida de (c)oração, para que através de um gesto singelo, irradie a sua energia aos ventos desse mundão.