Técnica, prática e transformação para todas as pessoas.
(Um apanhado daquilo que experimento e aprendo sobre esta prática milenar ao longo da minha jornada)
Desejo a vocês uma ótima leitura.

Meditação. Ou poderia chamar também de presente divino. A meditação entrou em minha vida através da minha avozinha maravilhosa, Dona Lucinha. Ela me incentivou a participar de algumas aulas de Yoga lá na Universidade.
As aulas eram sempre muito intensas e transformadoras, e o último momento de todas as práticas era a Meditação, entre 5 e 10 minutos. Nossa, era impossível não sair diferente de quando começou a aula. Corpo, mente e espírito.
Certo dia, a professora Marly (gratidão) falou que a meditação era um dos objetivos centrais da prática da yoga. A atividade do corpo e da mente através dos exercícios de respiração, das posturas (Asanas), dos exercícios de respiração e do relaxamento contribui para o momento da meditação.
A meditação fortalece a saúde da mente, eleva a nossa consciência interior e expande a conexão com o todo. Te faz mais presente. Acalma. Energiza. Purifica. Traz clareza. Te faz mais leve e com mais compaixão.
Diminui a ansiedade, a mente acelerada, o apego àquilo que não possuímos controle. Melhora o sono, a disposição e o humor; fortalece a memória, a concentração, a capacidade de processar os estímulos e informações e, com isso, melhora seu bem-estar, sua autoestima, sua rotina e sua qualidade de vida de uma maneira geral. Esses são alguns dos benefícios que uma prática regular da meditação pode te trazer.
Muitos pensam que a meditação é ficar com a mente completamente silenciada, naquele estereótipo do mestre Zen que fica em estado absoluto de quietude. Mas não é isso.
A meditação não é a chegada. Não é o resultado pronto. Ela é o caminho, a jornada, o percurso. É o dia-a-dia, é a tentativa e erro, é a falha e o acerto. Ela é rotina e não ponto final. É processo, é hábito, é cultivo. Não é pra poucos. É para todos.
A meditação nos leva a uma jornada de conhecimento interior em que nos percebemos como observadores de nós mesmos. Mas, além de observadores, somos o próprio sujeito em observação. Como se diz na Yoga “o Observador observando o Observado”.
Muitas vezes nos apegamos aos pensamentos que costumamos ter, com excesso de identificação. Afinal de contas, são nossos pensamentos, e nossos pensamentos somos nós, não é mesmo? Então somos nossos pensamentos. Essa geralmente é a conclusão inconsciente produzida pela mente e pelo ego.
Mas não é bem por aí, nós não somos nossos pensamentos em absoluto. Tudo bem, construímos os pensamentos em nossa mente e por isso de certa forma eles são nossos.
Mas a nossa mente, o nosso cérebro, é capaz de entrar num estado de vigília dos pensamentos, que ocorre quando nos pegamos distantes daquilo que estamos pensando. É como se os pensamentos ficassem passando na nossa frente enquanto assistimos de camarote eles irem e virem.
Quando não nos apegamos aos pensamentos como verdades absolutas, conseguindo olhar de uma maneira mais ampla, buscando gentilmente refletir a respeito ou simplesmente deixando-os irem embora, é porque estamos entrando neste estado presente, neste modo Observador-Observado e assim, na expansão da nossa consciência.
Somos maiores que nossos pensamentos. Alguns servem, outros não. O que acontece é que a mente sempre vai estar criando esse fluxo de pensamentos e a meditação é como se fosse um estado de observação desse fluxo. Um estado de observação ativo em que você exercita a auto aceitação, o perdão, a paciência, a tolerância, o não-julgamento e a não exigência demasiada.
O estado meditativo é perceber os pensamentos, mas não permitir que eles façam tanto barulho. Que nem quando nos distanciamos de algum som alto, ou quando o carro do bolo está indo pra longe da sua casa. O som ainda existe, porém não te afeta tanto.
E aqui novamente eu lembro que é um processo e que sempre, sempre, e sempre vai gerar desafios. A mente automática é incansável em sua produção de pensamentos. É como ela funciona.
Entretanto ela não é inflexível em sair desse estado. Muitas vezes mudamos de estados de consciência sem nem mesmo perceber que isso é uma transformação natural da mente. Como quando estamos dormindo e acordamos. Ou quando estamos estudando e depois paramos pra ver televisão. O tempo todo a mente oscila entre estados de consciência.
Alguns desses estados de consciência podem ser denominados meditativos. E existem dois grandes grupos de meditações: as passivas e as ativas.
As passivas são as mais amplas. É quando estamos profundamente no momento presente em alguma atividade, qualquer que seja, mas que nos permita estar entre um fluxo de atenção plena e satisfação pelo que se está fazendo. A minha principal meditação passiva é pintar, desenhar, fazer Arte.
As ativas são as mais conhecidas. Aquelas que já vem na cabeça quando pensamos em meditação, das pernas dobradas, coluna ereta e olhos (físicos) fechados. Mas elas não são apenas dessa maneira, existem diversas formas de praticar meditação ativa.
Podem ser guiadas ou não. Pode-se entoar mantras ou permanecer em silencio. Podem ser paradas ou em movimento. Em posição deitada, sentada no chão ou numa cadeira, em pé, ou também em outras posições que desconheço. De olhos fechados ou abertos. Enfim, são muitas as variações.
Entretanto, existem peças que estão sempre presentes na meditação: é a respiração consciente e a coluna reta.
A coluna reta (porém não tensionada) alinha seu corpo para que ele flua mais naturalmente e te deixa mais ativo. A respiração consciente te centra no aqui e agora. Te ancora no momento presente. Te conecta com tua energia vital e com o centro de controle de suas emoções (o Pranayama).
Essas duas coisas alinhadas permitem você entrar no estado meditativo, no modo Observador-Observado.
Nesse modo, o fluxo de pensamentos continuarão vindo. No geral a sensação é que parece que vem ainda mais pensamentos, mas isso é apenas a mente sempre tentando se preencher. Ela detesta espaços.
Porém são esses espaços entre um pensamento e outro que nos permitem expandir, nos curar, nos limpar, nos fortalecer, nos trazer leveza interior e compreender melhor nossas ideias e ações.
Essa parte da mente automática, parece até um paradoxo dizer, mas ela é irracional, só segue um script, uma forma de funcionar. Ela não entende que o próprio processo meditativo é bom para ela. O ego entra em ação. E por isso é necessário agir com atenção e consciência, é necessária energia para se colocar no modo Observador-Observado.
É bem mais fácil deixar a mente voar e se perder nos pensamentos do que se concentrar em alguma atividade não é mesmo?
E então, quando você começa a acessar o modo Observador-Observado e que os pensamentos começarem a surgir, é que entra o exercício da gentileza, da paciência, do perdão e de não se julgar.
Imagine a cena:
Você está lá concentrado em sua respiração, e quanto menos espera os pensamentos começam a chegar, você logo já entra em contato com eles, muitas vezes se apega, começa a destrinchar aquele pensamento, quando vê já tá em outro, e outro, e outro…
Isso é o normal de acontecer, principalmente no início, mas como eu disse, sempre te acompanhará pela prática.
Quanto mais você acessa o modo Observador-Observado e tem a chance de praticar o processo meditativo, a cena vai ficando mais assim:
Você está aí, imerso no momento presente, na sua respiração, no seu mantra, ou em seu guia, e aí começam os pensamentos a surgirem, vem um, vem outro, vem vários, vem uma sensação de ansiedade, vem uma coceirinha na ponta do nariz, vem outro pensamento, e seguindo… porém, é aí é que é o pulo do gato.
Quando você se perceber entrando nesse estado mental, você gentilmente permite deixar ir os pensamentos trazendo de volta sua atenção para sua respiração, pro aqui e agora, e pro momento presente.
Tem gente que fala mentalmente ou em voz alta “eu te reconheço pensamento, e permito que você siga seu caminho e eu continue o meu”. Tudo depende de como você vai sentindo que seja o melhor pra você.
Essa volta à atenção vai acontecer uma vez, e outra, e outra, e outra, e outra. Enquanto durar a sua prática. Sempre com gentileza e sem julgamentos.
Esses pensamentos que surgem não merecem sua atenção, pelo menos no momento da prática, pois não são sua prioridade. Sua prioridade no momento da meditação é o foco com amor em si mesmo.
Porém é importante que você busque não ser rígida, severa e bruta consigo mesma, porque isso distorce toda a pratica e contribui para manter um estado mental que não é saudável.
A meditação perde a sua força e seu sentido. Tem que ser gentil, e isso também é um processo.
Tá vendo como é algo pra revolucionar a nossa existência? Tudo isso é muito bonito, mas também é desafiador, e é importante que seja. Afinal, o que não é desafiador que não seja importante pro nosso crescimento?
Quando a gente cria resistência, quando a gente julga, quando a gente fica com raiva, de certa forma a gente tá se apegando aquilo que tá sendo produzido como pensamento em nossa mente. Ao invés de perder força, ganha. Se conecta ainda mais. E alimenta algo que não gostaríamos de estar alimentando.
A gentileza, e paciência e o não julgamento nos ajuda a permitir que os pensamentos sigam o seu fluxo, não façam parada em nossa mente e permitam a criação dos espaços de atenção plena no momento presente, no eu interior, e através dele com todo o cosmos. É um preenchimento completo. Um preenchimento que transborda, transcende, mas que conecta, traz de volta, aterra e te deixa mais firme, na medida em que abriga leveza.
É isso. Você busca entrar em modo observador-observado, se propõe a passar um determinado tempo nele, e, neste modo, ser gentil, paciente e tolerante consigo mesmo, permitindo ir aquilo que não é prioridade no momento e tornando a sua atenção plena ao aqui e agora, à sua respiração, à música ou guia que se ouve, ao mantra que se entoa, aos sons ao seu redor e ao seu corpo.
Eu recomendo sempre o retorno à respiração, que deve ser consciente e rítmica, mas é importante que cada um ache através da prática aquilo que mais lhe ancora no momento presente. E também variar. É muito importante testar pra conhecer, e ir se conhecendo ao mesmo tempo.
Pronto gente, acho que o básicão assim do que é meditação pra mim está aí. Algumas considerações que acho interessante falar a respeito é:
Busque um lugar tranquilo, de preferência silencioso, que você se sinta conectado e que saiba que não será atrapalhado durante o tempo da sua prática. Pode ser escuro ou não, a céu aberto ou não, tudo depende do caminho que você pode ou quer seguir.
Se puder faça alguns alongamentos e exercícios de respiração antes para ir se centrando melhor ao momento presente (comentem aqui se quiserem que eu escreva um texto falando um pouco mais sobre isso).
Traga uma intenção para sua meditação, coloque ela no tempo presente (ex: eu vivencio a energia do amor ou hoje cumpro tudo aquilo que me proponho a fazer) e fale mentalmente ou em voz alta (eu gosto de falar em voz alta porque sinto que realmente materializo no mundo), pare alguns instantes para refletir sobre sua intenção e se conectar ainda mais com ela. Na Yoga isso é chamado de Sankalpa.
Você também pode separar alguns instantes, no início ou ao final da prática para fazer seus agradecimentos, a si mesmo, a vida, às coisas e às pessoas. Recomendo tentar fazer uns agradecimentos específicos também, como “agradeço por ter conseguido meditar no dia de hoje” ou “agradeço por ter brincado com meu cachorro hoje pela manhã”. O interessante é que a partir desse movimento você com o tempo vai encontrando mais e mais coisas para agradecer.
E já puxando esse gancho, eu agradeço de verdade a você que tirou um tempo de sua vida para estar lendo este material que criei com bastante carinho e cuidado.
Para finalizar, várias pessoas me perguntam onde que elas podem meditar, o que elas podem fazer, por onde começar. Eu sempre digo que o melhor caminho para o desenvolvimento da prática é com um profissional especializado. É mais fácil entrarmos no fluxo meditativo quando estamos sendo orientados por alguém. Isso permite mais leveza e soltura ao processo.
Aqui da terrinha vou indicar duas mulheres maravilhosas que trabalham com isso, Yoga Bia(@yogabia), instrutora de yoga e meditação e Geissy Araújo (@geissy.araujo), instrutora de Mindfulness. Recomendo totalmente. Dá uma olhadinha nos perfis delas para ver se você se interessa.
Para quem gosta de ler eu indico o livrinho curto de Daniel Goleman “A Arte da Meditação”, ele vem inclusive com um cdzinho (old) com meditações guiadas e sons para meditação. amazon.com.br/artedameditação
Indico também que você pesquise sobre o Professor Hermógenes (Instituto Hermógenes). Foi ele quem expandiu a yoga aqui no brasil e tem uns vídeos incríveis pela internet, além de uma figura, passa os ensinamentos de uma forma incrível.
Para quem gosta de ouvir, indico o podcast da Regina Gianneti, o “Autoconsciente”. Tem em várias plataformas como o itunes e spotify, como pode ser ouvido pelo site dela: www.autoconscientepodcast.com.br ou www.vocemaiscentrado.com.br. É espetacular. Comecei a ouvir pelas manhãs com minha mãe e tá sendo uma experiência muito rica. Além de conteúdo tem exercícios práticos.
Recomendo também o programa de 21 dias “Criando Abundância” do Deepak Chopra. Tem a versão original em Inglês e em Português no Youtube. DeepakPortuguês e DeepakInglesEspanhol Além disso tem muuuuitos sons incríveis para meditação e meditações guiadas no youtube. Conteúdo é o que não falta pra isso.
A galera me pergunta muito de aplicativos também. Existem vários aplicativos pra baixar, eu mesmo já testei vários, mas acabo que nunca me apego muito a eles, porém posso destacar dois:
Eu gostei muito do Headspace, que é pago, mas possui um curso gratuito para iniciantes de 10ª meditações que é incrível, é bem visual e explica de forma bem simples e interativa sobre a meditação.
E o melhor pra mim que recomendo bastante é o Insight Timer . Ele tem muitos e muitos programas e meditações, sendo muitas delas gratuitas. Vale a pena baixar pra dar uma olhadinha.
São muitas opções interessantes para sua meditação, vou colocar abaixo algumas indicações de sons e mantras para sua prática:
Ardaas Bhayee, Lokah Samastah Sukhino Bhavantu , Deva Premal and Miten — Lokah Samastah, Deva Premal and Miten — Gayatri Mantra.
Além disso, pra quem tem a Alexa (amazon echo dot), ela possui uma série de skills próprias para meditação que ajudam muito no processo. Testem todas =).
Eu gosto muito de usar as Batidas Binaurais (Ondas Alfa) que transmite um som bem gostoso produzido na frequência de onda alfa, a frequência da mente quando se encontra em estado meditativo ou de relaxamento.
Então acho que é isso gente. Se tiverem alguma dúvida, comentário, sugestão, correção, é só mandar por aqui, por email, whatsapp ou minhas redes sociais. Espero do fundo do meu coração que tenham gostado.
Ah, e lembrando que eu não sou especialista e nem fiz curso nenhum específico sobre a meditação, então o que escrevo aqui é fruto das minhas experiências com a prática e de coisas que estudei por conta própria.
Portanto (e por gentileza), não hesitem em me corrigir e dialogar comigo a respeito se eu falei algo errado ou incoerente. Busco que aqui seja um espaço seguro de construção e aprendizado. Um espaço que o erro também seja bem-vindo.
Gratidão de verdade e Namastè (O Deus que habita em mim saúde o Deus que habita em você).